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Mudanças.

Minha ideia inicial para esse post era algo muito mais divertido e leve, mas hoje eu acordei com o coração na garganta e preciso desabafar. Mas não se assuste e feche a janela, isso aqui tem tudo haver com viagem, com a minha viagem.
Na semana que antecedeu a minha vida para cá eu chorei até que muito com medo do avião cair, tinha medo de quando eu voltar tudo fosse estar diferente e eu não me encaixasse mais em nada. Tive medo de alguma forma eu ter partido sem poder voltar.
Acontece que ontem durante o show do Ed (terei um post dedicado só a isso), eu olhei para ele naquele palco e eu agradeci tanto por estar vivendo tudo aquilo, tudo isso. Parece que a qualquer momento alguém vai me acordar e dizer que tudo não passou de um sonho, mas até lá eu irei aproveitar, mas voltando ao que senti no show.
Eu que conheço minimamente a história do Ed sei que não foi fácil ele chegar onde está e me pergunto se ele um dia imaginou tocar quatro noites seguidas numa das maiores arenas de Londres. Enquanto eu o olhava eu lembrei do que senti na varanda do Tate Modern, me lembrei do que senti quando estava na grade no show dos meus meninos, eu senti coragem, vontade de viver e de lutar por mim, por meus sonhos. É tão démodé isso, mas estar aqui a viver tudo isso me dá coragem e esperança de ser alguém.
Há algum tempo atrás eu acreditei realmente que não era nada e que lutar não adiantava, mas hoje eu sei que meus sonhos se tornaram reias se eu lutar por eles.
Talvez naquela semana que chorei eu tivesse medo de morrer, talvez eu já entendesse que eu iria morrer, não no sentido literal, mas hoje sentada no chão do quarto do Hostel eu sei que a Viviane que veio para cá morreu, morreu um pedaço que eu pensava que era eu, mas hoje eu vejo que não é.
Eu cheguei aqui com expectativas, até mesmo sobre quem eu seria aqui e talvez algumas delas não se realizem, mas sabe isso é bom, porque hoje, agora, essa menina intensa e que nunca soube viver pela metade esteja encarando a verdade e consiga ser ela mesma.
Não me sinto uma turista aqui, vejo as pessoas saindo e entrando no hostel e vejo nelas um brilho de turista que eu não carrego, porque aqui eu me sinto em casa. Talvez esse seja um problema, talvez se eu estivesse “turistando” teria mais coisas para contar, mas isso que estou vivendo, experimentando eu nunca irei conseguir expressar com totalidade em palavras, porque é algo tão profundo e tão puro que é meu, que sou eu.
Só quem olhar nos meus olhos e conseguir me perceber entenderá o que terá sido essa viagem, de outra forma só se frustraram com ressacas que não existiram e porralouquísses que não aconteceram.
- Somos seres em transformação e a cada passo dado uma nova pessoa é construída dentro de nós. -

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1 comentários:

Cristiano disse...

Uma vez li em uma crônica do Fernando Pessoa que "as viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos."
De fato, se te reconheces onde estás é porque és dona de si mesma. Isso é um elogio pois poucos possuem sua própria alma.
"Para quê viajar? Em Madri, em Berlim, na Pérsia, na China, nos Polos, onde estaria eu senão em mim mesmo, e no tipo e gênero das minhas sensações?" As mudanças ocorrem quando escancaras sua alma, reconhecendo-a na totalidade, ou na amplitude profunda que é reconhecer-se. És do tamanho do mundo, pois todo o mundo lhe cabe no coração. És muito maior do que a província longínqua de sotaque forte do novo mundo da qual surgistes. Quando voltar, viverá a sensação de ter olhado por cima dos muros do jardim, ato que injustificou a vida dentro dele. É um paradoxo de trauma e graça. O trauma de não mais caber e nem se conformar e a graça de saber o quão grande é quando se quebra o mito que limita o infinito.

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