Olá, olá, olá.
Pediram-me que assim que chegasse a Londres (sim, eu estou
em Londres), que eu escrevesse um post sobre a minha sensação ao chegar aqui,
mas a minha chegada foi conturbada e por isso evitei de falar o que fosse no
dia, ou nos dias que antecederam a hoje.
Hoje já é meu quarto dia aqui e antes de qualquer coisa eu
preciso esclarecer duas coisas sobre a minha viagem.
Primeiramente, eu não vim para Londres para comprar, essa
nunca foi a minha intenção, eu sei e compreendo quem pensa que Europa é compra,
mas eu não acho isso e nem tenho dinheiro para isso. Eu nem sei o que sempre me
atraiu para este país, eu só sei que já há alguns anos eu só sabia que eu
deveria vir um dia para cá. Sentir essa cidade, respirar o ar daqui e bem,
depois de anos aqui estou eu.
Segundo eu não sou de baladas, eu não sou de sair para a
“night” nem no Brasil, quanto mais num país estranho onde eu estou sozinha, sim
eu estou fazendo essa viagem sozinha e meu inglês é mais que péssimo então eu
não vou sair por aí nas baladas para ficar bêbada e morrer num beco, desculpa o
exagero, mas eu penso mesmo assim, rs.
Tenho muitos amigos que sonham em conhecer essa cidade e
muitos que estão “fazendo essa viagem comigo”. Gente que torceu e torce por mim
e está realmente feliz por o meu sonho estar se realizando. Gente que é mais
que amigo, é parte de mim.
Tenho feito vídeos sobre a cidade, tirado milhões de fotos e
aproveitado bem isso aqui.
Eu vou ficar 15 dias, por isso eu tenho tempo de
experimentar cada coisa sem a ânsia de sair por aí correndo como uma louca.
Sinceramente, isso é ótimo.
Algumas pessoas sabem o problema que tive quando cheguei,
mas eu não quero mais falar disso, agora o que importa é o que de bom está a
acontecer.
Então, e Londres?
Bem, Londres é linda, realmente linda.
A primeira coisa que senti quando realmente cheguei em
Londres (depois que saí do metrô e estava chegando no hostel)foi nostalgia,
saindo da estação passei ao lado de algumas meninas e automaticamente me
lembrei da Mione, daquele sotaque carregado e Harry Potter e toda a sua magia
me arrebentou na cara e quase comecei a chorar por um motivo bom, porque enfim
eu aqui estava, enfim eu estava aqui DE VERDADE.
Meu professor costuma dizer que a Inglaterra não teve uma
revolução industrial, mas na verdade ela vive uma evolução industrial, que foi
aos poucos e por isso até hoje funciona. Eu concordo e acrescento que o país
vive uma evolução em todos os aspectos. Aqui o antigo se mistura com o moderno,
vejo prédios inteiramente espelhados e ao lado prédios com tijolinhos a vista,
mas tudo é composto de uma forma tão harmônica que você não se assusta, não
grita de horror, ao contrário, você sente vontade de sentar do outro lado da
rua e só admirar.
Os metrôs, ônibus e trens são muito bem sinalizados, a
cidade é limpa, as pessoas são educadas.
Vale lembrar, novamente, que meu inglês é péssimo, por isso
sempre quando preciso falar com alguém eu já atiro “sorry, but I don’t speak
english very well”, e aí as pessoas são altamente pacientes e me ajudam seja
com escolhas ou com acertar qual moeda usar para pagar.
Precisei poucas vezes de ajuda no metrô, na verdade precisei
quando cheguei, porque eu estava tão esgotada e perdida que eu não achava nem o
fecho da minha mochila, rs, mas nesse momento eu contei com pessoas muito
pacientes e boas, que vejo ser a marca registrada dessa cidade.
Não tem aquela coisa de calor humano que a gente tem no
Brasil, de conversar, de abraçar e bater papo, mas eles são educados e sempre
você ouve um sorry, thanks e isso enche meu coração de alegria. Ninguém te olha
de cima a baixo, mentira, tem quem olha, mas as pessoas não são de ficar
reparando , de ficar conversando, elas vivem a vida delas e eu nunca pensei que
me sentiria tão bem num ambiente assim. Eu que falo pelos cotovelos, que abraço
sem motivo estou me sentindo extremamente bem em viver na minha, em silêncio,
vivendo comigo mesma.
Londres trouxe um lado de mim que eu conhecia muito pouco,
um lado que não quero que vá embora.
Estou conhecendo tudo com calma, como disse antes e quero
conhecer mais lugares do que apenas o que todos vão, por isso estou indo a
museus, andando pelas ruas e também indo nos “hot points”, mas de todos os lugares que fui até agora o que mais
me trouxe paz foi o Tate Modern, é um
museu de arte moderna e além de lindo o que me trouxe mais alegria foi ver
excursão de escolas lá. Eu conheço apenas o MASP,
por isso não tenho autonomia para qualificar os museus do Brasil, mas ver
excursões indo até museus e crianças tão livres lá, realmente parecendo
conectadas com a arte me trouxe uma alegria sem tamanho.
Aqui tem arte para tudo quando é lado. Prédios são arte,
música é arte, cantores e bandas no final de saídas de metros são comuns, até o
mapa do metrô daqui é uma arte. Acho que por isso eles aqui se acostumaram com
isso, se acostumaram com a beleza e lhe é normal e comum viver dela e com ela.
Não que todos sejam assim, vê-se gente como qualquer outra
que há todos os lugares, gente que é ela, apenas. Eu vejo gente que gosta de
balada e vejo gente que gosta de museu. Vejo gente de terno e gravata nos seus
19 anos e vejo rapazes de uns 28 (?) com skate e moicano. Todo o tipo de gente
tem por aqui, só que diferente do Brasil, aqui não há uma mistura, há gente de diferentes etnias, mas sem muita mistura, o
que para mim é estranho visto que sou filha grande miscigenação que chamamos de
povo brasileiro.
Mas voltando a arte, a cultura e, talvez, a educação (talvez
porque não a conheço, então não posso dizer algo ou não) acho que esse seria o
grande motivo de um dia eu voltar para cá, de morar aqui e de ter meus filhos
aqui. Eu amo o Brasil e não sei se o trocaria por outro país, mesmo com as
inúmeras mudanças que precisamos ter, mas pensar na educação dos meus
futuros-talvez filhos me faz cogitar e muito a minha mudança. Por isso, hoje,
na sacada daquele museu eu prometi a mim mesma que eu vou ser uma das melhores
alunas no meu curso na faculdade e vou estudar e trabalhar muito para que eu
volte para cá, para que eu consiga ser digna de um trabalho aqui e consiga dar
aos meus filhos o que esse país possa oferecer.
E não, eu não acho o Brasil tão ruim assim, eu gosto e muito
do meu país, mas a educação no Brasil tem sofrido um declínio impar e eu não
culpo tanto assim o governo por isso, culpo antes o povo brasileiro por não valorizar
o que tem e lutar para conseguir o que quer. Antigamente quando se tirava nota
ruim na escola os pais brigavam com os filhos, hoje eles brigam com os
professores, se arruma um culpado para tudo e pouco se faz efetivamente para se
conseguir o que quer.
Por isso eu tenho medo do que a educação será daqui alguns
anos, eu vou fazer letras e tenho medo de ser inserida num sistema falido e sem
possibilidade de mudanças. Há sim, graças a Deus, ainda alunos que são alunos e
professores que são professores, mas a grande parte não vê a hora de um feriado
chegar para emendar a semana inteira. Não que eu não goste de feriado, mas cada
um colhe o que planta.
Fugi um pouco, muito, doo assunto principal do qual me
dispus a escrever nesse post, mas eu precisava escrever tudo isso e fazer esse
paralelo, porque Londres é mais que um passeio para mim, Londres é uma parte do
caminho que me faz ser alguém.
Nos outros posts vou colocar vídeos, fotos, falar dos pontos
turísticos, dizer sobre o meu dia, mas hoje fico por aqui.
Obs: esse post será publicado em
dois dos meus blogs, no
Maia e Oliveira e
no
Vivi vai para. Esse último é um
novo blog onde vou partilhar sobre as minhas viagens, sobre todas que já fiz e
que ainda vou fazer, fico agraciada se puder visitá-lo hoje e nos demais dias.
Obrigada pela visita e
“Viajar é tocar a roupa da alma”
- Mario Quintana”